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E um dia, quando você menos espera, tudo volta com uma força brutal capaz de te tirar dos trilhos. As risadas e sorrisos parecem ter ficado em um passado tão distante e tudo ao redor fica cinza, triste, sem vida. É como se um elefante gigantesco resolvesse sentar-se sobre o seu peito, o impedindo de sair da cama. Um vampiro que se alimenta da sua vontade de viver e suga toda a esperança que ainda lhe resta.
Palavras que não são só
palavras, olhares que não são só olhares. Comentários capazes de perfurar a
alma e quebrar algo dentro de seu corpo.
Então, os dias melhores
vêm. Uma vontade de sair saltitando como se tudo estivesse ok, a leve amnésia
da panela de pressão que é o seu interior a ponto de explodir. Planos são
feitos, encontros são marcados, mas nada disso acontece, porque tudo volta. Tudo
sempre volta, um bumerangue de sentimentos infinitos.
O elefante a passeio volta
mais pesado, as lágrimas jorram como uma cachoeira incessável e pensamentos que
não são seus tomam conta da sua mente. Cada objeto uma hipótese, cada ação um
cenário. O fio da faca, as cerdas da corda, os pneus do carro.
E de repente você se pergunta
como chegou a esse ponto, por que deixou que o elefante o dominasse quando o
dono do circo é você. As máscaras tão bem usadas começam a derreter e fica cada
vez mais difícil de usá-las quando passam a queimar a sua pele, como se o
sorriso ensaiado criasse certa repulsa por estar em seu rosto.
Ao olhar para os lados, as
pessoas estão cada vez mais distantes. Você estica os seus braços de uma
maneira desesperada para alcança-las, quer pedir ajuda, deseja sair do lugar
que está e expulsar o grande elefante sentado sobre seu peito, mas recua antes
mesmo de poder tocar no braço de alguém.
O elefante trouxe a
solidão para a festa e parece que ela vai ficar por um bom tempo. Levantar as
pernas e braços já se torna muito mais difícil. Existe uma dor interna
incontrolável, um aperto no peito e uma voz misteriosa que diz que algo está
errado, voz esta que é empurrada para o lado e esmagada junto com seu peito.
Você procura uma luz em meio
a escuridão, mas parece que todas elas já foram apagadas. Não existe um caminho
para o fim do túnel. Você abre os seus braços buscando por ajuda e descobre
que não é só você que está perdido nesse breu infinito que o cega de tudo que
está na sua frente.
Existe uma outra voz ao longe
que o chama para uma luz que ainda não poderá ver, uma voz capaz de encher-lhe
de vida se você é capaz senti-la e, de repente, duas mãos fortes seguram em
seus pulsos o levando para a direção certa, você não está sozinho, nunca
estará.
E aos poucos tudo volta, a
felicidade, a vontade de viver, a capacidade de enxergar os outros ao seu redor,
de pedir ajuda quando precisa, de buscar por aquilo que te faz bem, a voz que diz
“não desista”. O elefante se levantará insatisfeito com uma promessa de volta e
levará a solidão com ele, mas na próxima, você já estará preparado para recebe-lo
e manda-lo de volta para o lugar de onde veio.