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Imagem sob licença Creative Commons por monileoni |
O colchão do meu quarto nunca foi tão vazio como no dia de
hoje. Às vezes paro e penso... Não, eu paro e sou inundada. Invadida. Tomada. Por
esses pensamentos intrusivos, porque não quero voltar a pensar em você, mas
aqui está, novamente em minha cabeça.
Os dias passam, alguns melhores que os outros.
Cresço, construo, me fortaleço.
Entendo, medito, analiso e respiro: tudo vai ficar bem.
Mas aqui estou, desejando novamente o seu toque, o seu
abraço.
Passo as mãos pelo corpo como se pudesse sentir a sua
presença ao meu lado, como quando passávamos as noites deitados na cama vendo
The Voice, um filme ou uma série. Quando jogávamos joguinhos no celular um
contra o outro, porque ninguém pode negar que éramos competitivos, dois loucos
com sede de vitória e que juntos poderiam conquista-la juntos.
Como esquecer das nossas aventuras? Os gatos, a corrida para
conseguir os eletrônicos mais baratos, os jantares... Como esquecer da nossa
viagem e de como você tirava fotos minhas?
Como esquecer de como você olhava para mim com essas pupilas
dilatadas e esse sorrisinho maroto que só você tinha? E a maneira como você
fazia essa ermitã sair de casa nos dias mais lindos.
Como esquecer da nossa busca de FII’s, da loucura pelas
cryptos e da procura despretensiosa por apartamentos? Coisas que me deixavam
louca e eu sentia que com você poderia voar longe.
Você me ensinando coisas novas, eu te ensinando coisas
novas. E como trabalhávamos tão bem em conjunto. Sentia que poderíamos
conquistar de tudo, mas ao mesmo tempo não conseguimos nada... porque tudo no
final desmoronou. O power couple que imaginei se desfez tão rápido como um cubo
de gelo tentando sobreviver aos 40 graus do verão de Buenos Aires.
Meu corpo doía, não por fora, mas por dentro. Uma parte de
mim dizia que nunca encontraria algo igual. Nem eu, nem você. E a outra dizia
que sim, existem milhares de pessoas no mundo, é só encontrar alguém, só que
está cada dia mais difícil.
Eu não quero menos, quero mais do que você pôde me dar. Quero
sentir o amor e ao mesmo tempo essa sensação de que podemos conquistar o
universo se quiséssemos. Quero sentir carinho, respeito, responsabilidade, reconhecimento...
Por isso quero mais. Quero alguém que possa conversar sobre
os sentimentos sem converter essa conversa em uma briga, só porque se sentiu
atacado quando na realidade era só uma conversa sobre os meus sentimentos.
Quero alguém que possa segurar a minha mão como você fazia e beijá-la como se
eu fosse uma rainha. Quero poder fazer planos a futuro porque eu gostaria de
compartilhar um futuro, uma família...
Mas essa realidade já parece tão distante.
Nunca vou esquecer de como nós ríamos e nos abraçávamos para
a nossa seção de mimos. Como você participava das minhas loucuras e eu das
suas. Como acariciava a sua barba admirando esses olhos e te prendia com as
minhas pernas.
E deitada aqui na cama, sentindo um vazio, sei que não é
falta de você, mas sim falta dessa sensação... de como você me fazia sentir,
desses momentos de felicidade e confiança que passamos um com o outro, momentos
de intimidade. Às vezes o cérebro engana, trazendo somente memórias felizes,
despertando uma saudade, mas não posso me esquecer de como foi difícil, de tudo
o que você fez e do quanto eu sofri.
Respiro e nego com a cabeça espantando essas memórias, já
que sei que a felicidade não está no outro, mas sim em mim. E que um dia
encontrarei alguém bom o suficiente para compartilhar essa felicidade e fazer
com que eu me sinta mais leve, mais livre, mais amada.
Porque esse não é um fim, é um encerramento de um ciclo que
trará algo muito melhor. Eu sei que te amei, parte desse carinho ainda existe,
mas é hora de me abrir para o novo e recomeçar.