Lar

22.6.25

 

Um cheiro, a nostalgia, um piso, uma cor de parede específica, uma c
asa...

Às vezes me pego pensando nessas sensações da infância que já não voltam e se desfazem em borrões com o tempo.

Saí de uma casa onde ainda pertencia, deixando para trás memórias, risadas e pessoas que não estão mais. Desde outro país a imaginava da mesma forma que a havia deixado, me esquecendo que ela, assim como eu, sempre esteve viva.

A grande estante da sala já não estava mais, a televisão quadrada trocada por uma de tela fina, o sofá desgastado finalmente havia sido trocado por outro mais moderno. Camas que um dia foram habitadas, agora estavam vazias.

Vazio.

Desde quando sobrava tanto espaço nessa casa quem um dia fora tão cheia de vida e de pessoas?

Pessoas.

Voltando de viagem, sempre esperando que fosse a casa, o cheiro, as cores, o bairro que me trouxessem essa sensação de abraço e de lar, mas hoje vejo que isso somente desperta as memórias desses momentos compartilhados com as pessoas.

São as pessoas que trazem essa sensação de lar, que te abraçam e te acolhem como se você nunca tivesse ido embora. As risadas, fofocas, uma comida compartilhada, um passeio em um lugar conhecido. Pessoas que conhecem as versões de você, assim como você conhece as outras versões delas ao longo do tempo. Enquanto tudo mudou, tudo ainda continua igual.

Somos nós que carregamos essa sensação de lar no nosso interior e somos capazes de expandi-lo para quem amamos.

Porque no fim do dia, voltar para casa às vezes não é sobre o lugar, mas sim sobre as pessoas.

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