O dia havia começado uma bosta. Um frio que
veio assim do nada e uma chuvisca meio estranha. O meu querido Chevy andava
mais lento que uma tartaruga reumática, justamente pela chuvinha marota, o que
fez com que eu me atrasasse para a aula de Psicanálise, aula da professora
maravilhosa que começaria a revisão uma aula antes do previsto (só que não,
porque no final não alcançou o tempo, afferson).
Saí do metrô correndo igual a uma louca e abri
o guarda-chuva para não molhar a juba de leão, que com certeza estaria enorme
no final do dia, mas quem liga não é mesmo? Nada de aplique ou megahair aqui,
chuchu! Tudo natureba que mamãe e papai me proporcionaram, 2bj.
Voei pelos corredores da faculdade, mas sem
antes notar que havia algum tipo de organização (?) arrumando umas mesas e
pendurando umas faixas, ignorei tudo isso e fui em direção às escadas, afinal,
É UMA MATÉRIA ANUAL FERRADA E EU QUERO A REVISÃO!
Cheguei quase sem fôlego na sala e me joguei na
primeira cadeira desocupada que encontrei, botei o celular para gravar o que a
professora estava falando e logo comecei a minha sessão de strip-tease, comecei
a tirar todas as capas de roupa igual a uma cebola, não que alguém tenha se
importado, só tem mulher nessa faculdade. Tirei a blusa gigante, o moletom e o
suéter. Deixei o guarda-chuva úmido debaixo da cadeira com uma nota mental de
“PELO AMOR DE DEUS NÃO ME VÁ ESQUECER ESSE GUARDA-CHUVA JAPONÊS NA FACULDADE” e
peguei meu caderno para começar a fazer minhas anotações (que diga-se de
passagem, as coleguinhas argentinas falam que são bem organizadas. Obrigada
professores do fund I e II que obrigavam a gente a seguir um layout todinho
padronizado no Brasil, beijos Leila).
Saí da aula já meio tonta de tanta informação e
meio confusa de ter descoberto que Freud usava cocaína e que a recomendou a um
amigo para que deixasse a morfina, no final deu meio ruim, porque esse amiguinho
do Freud morreu de overdose de cocaína e enfim... tudo isso saiu da análise de
um sonho que o próprio Freud teve... coisas de psicologia, a mente humana é bem
louca.
Fui para a fila esquentar a minha marmitinha e
me aparece uma senhora de idade com nariz de palhaço, a minha primeira reação
foi “WTF tá acontecendo aqui?”, a minha segunda reação foi “AI QUE LINDA, É UMA
DOUTORA DA ALEGRIA, ADORO, QUERO, VOU GUARDAR ESSA MULÉ NUM POTINHO”.
Ela estava perguntando para as meninas se elas
queriam doar sangue, que a doação ajudaria a idosos e crianças. Meus olhinhos
brilharam na hora, eu sempre quis doar sangue, mas nunca tive a oportunidade.
Eu já estava toda serelepe por dentro, mas em poucos segundos o meu coração foi
arrancado do peito e esmagado, a senhora perguntava toda animada para as outras
meninas da fila se elas queriam doar, mas todas a olhavam meio feio e
entediadas tipo “aff meu”. Escutei de tudo, desde “eu tenho medo de agulhas”
até “eu não gosto de tirar sangue”. Tudo bem, não vou julgar, tem gente que tem
pavor de agulhas mesmo, que desmaia, que tem pressão baixa e que realmente não
pode doar. Mas precisava jogar olhares de desprezo na doutora da alegria? Por
algum motivo é “ALEGRIA” e não “BITCH, SAI DAQUI”.
A senhorinha foi embora de cabeça baixa e meu
coraçãozinho ficou destroçado, cadê a empatia na faculdade de psicologia,
SINHÔÔÔR? Somos de humanas, deveríamos ser: paz, amor e flores do campo.
Terminei de almoçar, fui ao banheiro e decidi
que iria doar sangue se a equipe do hospital ainda estivesse por lá. Fui até o
lugar onde eles estavam e a senhora abriu um sorriso ao me parar logo no meio
do corredor.
— Hola, ¿querés donar sangre? — falou toda
alegre.
— iSí! — respondi sorrindo de volta para ela,
que na hora deu um grito de felicidade e me abraçou contente, me levando até as
mesas onde outros poucos alunos estavam comendo e preenchendo uma ficha.
Ela estava tão contente que, quando uma
enfermeira apareceu, ela pediu para tirar uma foto nossa juntas e depois falou
(traduzido para vocês entenderem, mores):
— Encontrei ela no corredor e perguntei se
queria doar sangue, ela respondeu que sim de primeira! Quem dera se as outras
pessoas concordassem assim, andei pela faculdade inteira procurando por pessoas
que queriam doar, mas parece que os psicólogos têm medo de agulha.
Depois da fotinho com a Doutora da Alegria, eu
me sentei na mesa cheia de bolachinhas e sanduiches, uma enfermeira me deu um
formulário e explicou como funcionava tudo. Preenchi contente e teria que
esperar para uma entrevista com um médico para ver se eu estava apta para a doação.
Não havia tanta gente para doar, sobravam
cadeiras, mas mesmo assim era melhor que nada. Comi umas bolachinhas e esperei
a minha vez, não demorou muito e um doutor chamou “próximo” e lá fui eu, toda
serelepe.
Porque assim, era tipo 13:00 e a minha próxima
aula começava 16:15, então eu tinha tempo de sobra, já até tinha calculado que
daria tempo de encontrar as minhas amigas de psico social às 15:00 para falar
sobre o trabalho. Parecia ser um plano perfeito, PARECIA... (porque, aparentemente, comigo nada é normal... paguei micão? Maybe... aguenta coração!).
Sentei na frente do doutor e ele me perguntou
logo de cara.
— ¿Tenés más de 50 quilos, no?
Eu franzi a testa meio confusa, porque achava
que estava claro para o mundo que eu pesava mais de cinquenta quilos... O único
pensamento que veio à minha cabeça foi “sim, essa sobra de gostosura da minha
pança ajuda”.
— Sí, tengo 56.
Respondi normal e ele me encarou meio surpreso,
não sei se isso foi bom ou ruim... but whatever! Então começou o questionário,
parecia que ele estava em outra linha temporal, porque falava tão rápido que eu
achava que ele estava numa velocidade x15 e eu parada no tempo. Eram perguntas
básicas de rotina, se eu já tinha doado, se tinha tido alguma doença no sangue,
anemia, diabetes, blá blá blá.
ATÉ QUE CHEGARAM AS PERGUNTAS CABULOOOSAS.
De repente, nada mais que de repente, o doutor
(que já tinha uma voz meio monótona) começa a falar baixinho.
— Fez algum tipo de tatuagem ou piercing
recentemente? Utilizou algum tipo de drogas ilícitas nos últimos dias? Trocou
ou teve múltiplos parceiros sexuais nos últimos meses? Fez sexo sem proteção
com pessoas desconhecidas? Está grávida, abortou ou teve parto nos últimos seis
meses?
Por fora eu estava tipo:
— Não. Não. Não. Não.
Por dentro eu estava tipo:
— Nossa moço, para quê sussurrar desse jeito?
Eu já não entendo espanhol quando você fala normal, imagine agora! Aliás,
prazer, eu sou a própria santíssima trindade, nunca fiz nada ilegal não. Nem
beber eu bebo, nem bombom de licor eu boto na boca. Sou a encarnação da
santidade, por isso sempre fico para fora dos rolês.
Depois dessas perguntas mais íntimas (que
comprovam que eu tenho a vida mais sem graça e pacata, tirando as desgraças que
acontecem comigo em Buenos Aires). Fui até uma das salas de aula onde tinham
preparado as macas com todos os aparelhos para tirar sangue. Lá dentro fariam
uma revisão prévia e eu confesso, estava com um cagaço... não sei o motivo, mas
sei lá, vai saber...
Esperei na fila e a doutora me chamou. Coloquei
um termómetro descartável debaixo da língua (bizarrinho, hein), ela mediu a
minha pressão e logo depois furou o meu dedo para coletar uma pequena amostra
de sangue (confesso, doeu e depois ficou dolorido no dia seguinte).
Estava tudo bem, até que ela colocou a gotinha em uma lâmina e a inseriu na
maquininha, que praticamente “cuspiu” de volta a lâmina com o meu sangue.
CAGAÇO. Ela colocou de novo e a maquininha voltou a recusar a lâmina. E eu já
estava “MINHANOSSASINHORA, o que é que está acontecendo? Será que eu tenho
algum problema? Será que eu tenho alguma doença? Diabetes? E os meus doces,
como ficam? Brigadeiro never more?”.
Ela deixou essa amostra de lado e tirou outra,
colocou na maquininha que dessa vez não recusou a minha singela gotinha de
sangue. A mulher anotou umas coisas na ficha e depois me deu um número. ERA A
HORA DE DOAR MEU SANGUE.
Esperei mais um pouco e veio um enfermeiro
falar comigo, me levou até uma das macas, colocou um cobertor quentinho (porque
fazia um frio do capiroto) e explicou que eu tinha que abrir e fechar a mão o
tempo todo, para isso me deu uma bolinha de stress. Assinei umas bolsas de
sangue e ele falou.
— Si te dá impresión, no lo mires — Ou seja,
vou enfiar uma mega agulha no seu braço, se você vai desmaiar, minha querida,
não olhe.
Eu, como nunca fui muito amiga de agulhas,
nunca olhava quando me enfiavam uma e foi exatamente isso o que eu fiz. Fechei os
olhos e pronto, já tinha um intruso no meu braço sugando meu sangue, como um
pernilongo mutante, ou melhor, vamos encarar isso como um vampiro gostosão
sugando meu sangue (Edward, Carlile, Emmet — Jasper não — call me maybe,
xuxus).
O enfermeiro avisou que qualquer coisa estranha
que eu tivesse sentindo era só avisar e tudo belezinha. Fiquei ali de boas. Até
que as coisas começaram a escurecer, tipo quando você vai colocar uma borda
sombreada nas fotos e eu já conhecia bem essa sensação. MANO DO CÉU, MINHA
PRESSÃO TÁ BAIXANDO. A parede na minha frente já estava indo de um lado para o
outro, como se eu estivesse em um balanço. MANO DO CÉU, VOU MORRER.
— Me siento medio tonta — avisei o enfermeiro.
— ¿Qué? — Me olhou confuso.
— Me siento tonta.
— ¿?
Ah, droga. Não era tonta que falava. ISSO É
PORTUNHOL AYUMI, SE CONCENTRA, DESGRAÇA. VOCÊ PODE DESMAIAR A QUALQUER MOMENTO.
— MAREADA. Me siento medio mareada.
Na hora o cara falou “falta pouco”, só que eu
já queria arrancar aquela agulha do meu braço e sair correndo.
DEVOLVE MEU SANGUE QUE EU PRECISO DELE,
DESGRAÇA!
A doutora que fez a checagem se aproximou com
um pedaço de algodão com álcool e o enfermeiro arrumou a maca me deixando,
literalmente, de pernas para o ar. Cheirei aquele algodão como se precisasse
disso para viver e os outros estudantes me olhavam tipo “xenti, o que acontece
com essa menina?”. Uma outra médica veio ver como eu estava e perguntou se eu
estava bem, se estava com vontade de vomitar, respondi que não estava tão tonta
(mareada) quanto antes e que tudo já havia parado de balançar.
Então eu senti um calorão, a médica explicou
que era normal, quando a pressão baixava o corpo esquentava para voltar ao
normal. Tirei o lenço do pescoço e a blusa que usava. Se a menopausa for assim,
meu Deus, é um calor dos infernos que vem assim do nada! Deixei a maca úmida na
parte das costas.
O enfermeiro, ainda assustado, falou para eu
descansar um pouco e me trouxe um suco de caixinha para que eu tomasse. Comecei
a sentir uma leve dor no estômago/ventre. Pensei: é cólica da menstruação,
normal.
Até que a dor foi aumentando em uma escala de “alguém
está me abrindo viva e arrancando todas as minhas tripas”, se você é mulher e
conhece muito bem a dona cólica (vulgo dinossauro comendo o seu útero), essa
dor era três vezes pior, porque a cólica eu aguento de boa, mas essa dor era
tão insuportável que eu comecei a me contorcer na maca e acariciava a minha
pança.
A primeira coisa que eu pensei foi “wtf tá
acontecendo comigo? Hemorragia interna? Meu estômago explodiu?”, a segunda
coisa foi “xenti, será que eu tô grávida e não sei e tô abortando? Ah, não
pera, isso é impossível, realmente impossível, muito impossível, extremamente
impossível... a não ser que eu tenha engravidado pelo ar, é... impossível”.
A terceira coisa que eu pensei foi “será que
meu corpo, que obviamente não está acostumado a perder tanta quantidade de
sangue, está parando/querendo expulsar elementos que precisam de
sangue para o seu processamento, para focar-se em processos mais importantes
para que eu possa continuar VIVA?” (reparem como eu fui da loucura para a razão
em poucos segundos enquanto cheirava um algodão com álcool e estava de pernas
para o ar). E por expulsar eu quero dizer que eu estava com muita vontade de ir
ao banheiro e por parar eu me refiro ao fato de que eu também estava naqueles
dias (e relacionei com a anemia que você para de menstruar).
Sim, minha mente vai por lugares que às vezes
nem eu entendo. O bom é que já estou rodeada por psicólogos. ME ESTUDEM, XUXUS.
Dessa vez veio um outro médico me atender,
disse que se eu estava com dor de barriga era para eu tomar o suco depois, porque a dor poderia piorar (claro, me fala isso depois que eu tomei a caixinha
inteira). A dor de barriga foi ficando mais intensa e a vontade de ir ao
banheiro aumentou. Avisei o enfermeiro que chamou uma médica, era uma senhora
muito fofa que veio toda preocupada.
— ¿Cómo estás? — perguntou olhando para mim com
um sorriso tipo “estou tentando te acalmar, tá funcionando?
— Bien, pero me duele mucho la panza.
— ¿No sentís mareos?
— No, solo quiero ir al baño.
— Ah, estás flojita. — Juro que eu quis rir nessa
hora, mas me segurei. — Es normal, ahora te llamo a alguién que te acompañe.
Apareceu a enfermeira que me deu a ficha logo
quando eu cheguei. Ela me acompanharia até o banheiro das mulheres, mas antes
eu tive que avisá-la.
— Nunca hay papel en los baños. Hay que
llevar, yo tengo uno… — Eu estava a ponto de completar a frase dizendo que
tinha um rolo de papel higiénico na mochila (sim, coisas que você aprende a
levar quando estuda em faculdade pública), mas a mulher pegou todas as minhas
coisas e disse:
— No te preocupés, vamos al baño de los profesores.
Epaaa, que chique!
Eu levantei da maca com cuidado e a mulher
segurou no meu braço, a verdade é que eu nem sei como consegui andar. Eu só fui
e a mulher, de olhos arregalados e confusa (provavelmente porque eu estava
andando rápido demais), perguntava “você sabe onde fica a sala dos professores?”
e eu respondi “sim, no final do corredor, perto da entrada da faculdade”.
Só fui, nem sabia onde ficava o banheiro, a
gente pediu licença para os professores. Esperei uma professora sair do
banheiro e quando eu me olhei no espelho G-zuis, eu era a própria Morticia,
pálida com os cabelos pretos, meu estômago revirou e uma vontade de vomitar
tomou conta do meu corpitcho de 56 kg.
A professora saiu e eu entrei correndo no
banheiro, sentindo aquela dor insuportável no estômago. Olhava para os lados e o
único que consegui pensar nesse tempo que estava no banheiro era: OS PROFESSORES
TÊM DOIS PAPÉIS HIGIÊNICOS E PAPEL RESERVA NA PRATELEIRA.
Mentira... quer dizer, teve um momento sim que
eu pensei nisso, mas depois eu só estava preocupada em não morrer. Fiquei ali
me contorcendo de dor, quase vomitei. Até que a dor sumiu do nada e eu
levantei, péssima ideia, a dor voltou. Fiquei ali sentada, fiz o que tinha que
fazer, até que eu olhei para as palmas da minha mão. MORTA. EU SÓ PODIA ESTAR
MORTA!
As palmas das minhas mãos estavam pálidas, as
pontas dos dedos amareladas, algumas partes estavam roxas! A enfermeira
perguntava de tempos em tempos para se assegurar de que eu não tinha morrido
ali dentro e eu só pensava “deixa eu fazer o que eu preciso fazer”, quase
vomitei outra vez...
Saí do banheiro quando a dor havia diminuído.
Olhei a cara de preocupados dos professores, que provavelmente nem sabiam quem
eu era, mas eu sabia quem eles eram... Professora mara de seminário de
Psicanálise, prof. de Genética, uma prof. de neuro. Só sei de uma coisa, depois
que eu vim para a Argentina, eu já não tenho mais vergonha de nada, até porque,
ninguém me conhece mesmo.
Voltamos para o pseudo-hospital e me colocaram
de pernas para o ar de novo, a médica fofa veio, colocou um cobertor (agora eu
já estava com frio), me deu um suquinho (falou para eu tomar depois que a dor
passasse) e segurou no meu pulso. Olhos arregalados, não falou nada por alguns
instantes e logo disse que eu teria que ficar ali por algum tempo. No
problem...
A dor no estômago havia diminuído de “AI MDS
QUEM ESTÁ TIRANDO MINHAS TRIPAS” para “DINOSSAURO COMENDO DELICADAMENTE MINHAS
TRIPAS”. A médica vinha de tempos em tempos ver o meu pulso e não dizia nada,
eu encarava as minhas mãos, ainda brancas...
Até que ela veio por uma quarta vez e,
aliviada, soltou um:
— Ahora sí puedo sentir tu pulso.
MORTA FEAT. ENTERRADA EU ESTAVA. Como assim a
mulé não estava sentindo o meu pulso? Como eu não perdi a consciência? Como eu
não desmaiei? Como eu só conseguia pensar em tomar aquele suco que ela tinha me
dado e eu ainda não podia porque o dino ainda habitava a minha pança?
Ela foi embora outra vez dizendo para eu
descansar um pouco mais, disse que o pulso estava meio fraco. Fiquei ali
pensando nas coisas que tinham acontecido na última semana, estava brisando
mesmo. Pensamentos do tipo “justo agora que eu fiz amizades (depois de dois
anos aqui), acontece essas coisas” e “justo agora que eu encontrei um boy para
chamar de meu, eu quase morro” (nem um pouco exagerada...).
Mas apesar dessa preocupação toda, eu me sentia
bem, só a dor de barriga que me incomodava, de resto eu sentia que poderia sair
dançando... Ou talvez fosse uma ilusão do meu cérebro só para que eu não
pirasse de vez.
A médica voltou mais uma vez e colocaram a maca
para baixo, trouxeram as minhas coisas e eu só via as mensagens das minhas
amigas de psico social perguntando onde eu estava e uma mensagem do mozão
perguntando o que eu estava fazendo. Contei para as migas que eu estava doando
sangue e tinha passado mal, elas ficaram preocupadas e até quiseram comprar
algo para que eu comesse, mas disse que não, a equipe do hospital já tinha me
oferecido um montão de coisa.
Depois de um tempo, a dor sumiu como em um
passe de mágica e eu já me sentia melhor, fiquei um tempo sentadinha e já
estava novinha em folha! A enfermeira me levou até a mesinha e me deram
sanduíche, bolachinha, chá, suco... Ganhei uma sacolinha de brinde e uns M&M’s.
Comi tudo bonitinha e os médicos vinham me perguntar como eu me sentia (sim, eu
fui a única que passou mal, isso porque eu fui doar sangue lá pelas 13:15 e já
era tipo 15:50 e ninguém mais passou mal).
As enfermeiras e algumas médicas disseram que a
cor já tinha voltado ao meu rosto, que eu estava mais corada e que parecia estar
muito melhor. Conversava com as minhas amigas e logo vi a hora, já tinha que ir
para a sala se eu quisesse bons lugares. Agradeci os médicos por toda a atenção
que me deram e eles me agradeceram por doar sangue, todos uns amores, até
perguntaram se eu não queria levar mais comida.
Fui até a biblioteca encontrar as minhas amigas
e elas me olharam tipo “PAMEEEEEE, ESTÁS BLANCA”. Ficaram preocupadas e eu
insistia dizendo que estava bem, porque eu me sentia bem, até melhor do que
antes de ter doado sangue (o que foi bem bizarro, porque eu me sentia meio
cansada e com sono e agora estava tipo uma coruja com os olhões arregalados de
tão acordada que estava).
ENFIM, minha dica. NUNCA DOEM SANGUE NA
FACULDADE SE VOCÊ NUNCA DOOU SANGUE! Porque com certeza vai dar ruim...
Deixo aqui o testemunho da minha desgraça
quando compartilhei o ocorrido.
Ah, e para completar, EU PERDI O GUARDA-CHUVA
JAPONÊS. Vlw flw.