Debaixo das águas turvas não escuto, ninguém escuta.
Debaixo das águas turvas um grito se cala,
E as lágrimas salgadas se convertem em gotas de mar.
Debaixo das águas turvas, meu peito sufoca
E não consigo falar.
Sou invadida por aquilo que guardo por dentro.
Debaixo das águas turvas, posso ver
Mas alguém consegue ME ver?
As batidas do coração ressoam em meus tímpanos
Debaixo das águas turvas
Meu coração grita em uma última tentativa de ser escutado.
Respiro, mas a água entra queimando pelo meu nariz
E flutuo.
Uma força que me empurra para cima e outra para baixo.
Não sei se boiar ou afundar entre as águas turvas.
E quanto mais fundo vou, mais difícil fica de respirar,
De sentir, de gostar, de fazer.
A pressão no peito me consome, a falta de oxigênio e a
vontade é de dormir.
E nas águas turvas, aguentei até a última gota encher o meu
pulmão.
Para voltar à superfície buscando desesperada pelo ar que
faltava em mim.
Será que aqui serão capazes de escutar os meus gritos
E de secar minhas lágrimas?
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